Ecocapitalismo e os créditos de Carbono - Uma nova roupagem para o velho sistema
O Protocolo de Kyoto lançou importantes reflexões a sociedade capitalista, dentre as idéias colocadas em 1997 o esgotamento da sociedade de consumo de massas sem limites propondo um novo pacto, que era tão perverso o sistema neoliberal que já mostrava seus entraves, o que seria chamado de ecocapitalismo. Um pacto que propõem preservar a natureza, porém a transforma em mais uma mercadoria de consumo, adequando aos preceitos neoliberais, com as proposições crédito de carbono, e de desmatamento evitado. Hoje no auge da crise do neoliberalismo, e com o meio ambiente e o turismo transformados em alternativas plausíveis para retomada do crescimento, e epicentro das atenções das sociedades capitalistas, quais são as perspectivas da preservação do meio ambiente? A votabilidade sistêmica irá influir na sua conservação? O ecocapitalismo é de fato a alternativa para a sustentabilidade ambiental?
Em 1997, na cidade de Kyoto, o sistema capitalista parecia prever seu colapso, que ocorreria em 2008, e não fez por menos ao lançar uma via alternativa ao sistema tradicional de exploração dos trabalhadores, e das nações subdesenvolvidas, ou seja, forjou em seu bojo o chamado ecocapitalista, com proposições avançadas enquanto a preservação ambiental, porém ainda conservou o mesmo ímpeto perverso de exploração, antes dos trabalhadores, agora do espaço e das comunidades ditas como às margens do processo de globalização.
Comunidades tradicionais, indígenas, de trabalhadores campesinos, agora ameaçados pela volatividade dos mercados de consumo, e de futuros das bolsas, prestes a se tornarem novos peões do vil jogo do sistema capitalista. Créditos de carbono, e capitais injetados com a finalidade de evitar o desmatamento, nada mais são do que o rifamento das florestas plantadas, ou virgens, gerando novas situações de conflito entre trabalhadores e comunidades e os empresários atribuindo preço a algo que primitivamente elenca valores sociais e ambientais, que vão além da mesquinhês do lucro.
O esgotamento do mercado de consumo de massas, ainda mais quando relacionamos ao consumo de bens materiais, tornou-se cada vez mais iminente, então faz-se necessário o consumo de bens imateriais, como o consumo produtivo do espaço geográfico, e desta forma o turismo e o meio ambiente são as alternativas forjadas para superação da crise, onde a sociedade caminha rumo a pós-industrialização e informalização do emprego dos trabalhadores, buscando sempre o lucro, e a exploração excessiva dos recursos naturais, das paisagens, dos lugares, e das identidades locais.
O ecocapitalismo é a nova roupagem adquirida hoje por um sistema em crise, porém em detrimento da qualidade de vida das populações tradicionais, e do próprio meio ambiente, que não resistirá as crises do sistema capitalista, e nem se recuperará a mesma velocidade da depreciação antrópica. A saída a crise é a criação de uma sociedade ecossocialista, onde a valorização dos coletivos humanos e dos domínios ambientais esteja no âmbito da nova consciência sócio-metabólica, superando a hegemônia do poder do capital hoje latente.
Caso não seja criada esta nova consciência sócio-metabólica, as perspectivas em relação ao futuro ambiental do planeta continuam incertas, pendendo ao desequílibrio irreversível dos quadros climáticos, e desafiando a capacidade de adaptação da espécie humana, e das demais espécies animais sobre a superfície terrestre.
Um comentário:
Excelente postagem.
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